

Guia de Cultivo
Cultivar pimentas do género capsicum, não é mais difícil do que cultivar outras plantas de horta. Ambas necessitam de atenção, cuidado e vigilância. Lembre-se, a ação preventiva, potencia a solução para eventuais problemas, normalmente associados a doenças e pragas.
Sim, podemos cultivar plantas saudáveis e produtivas, se interiorizarmos que são seres vivos, que estão longe do seu habitat e que necessitam de condições especificas para o crescimento, desenvolvimento e produção.
1. Sementes
Obviamente, o sucesso que procuramos depende, em primeiro lugar, das sementes de que dispomos. As sementes deverão ser adquiridas junto de produtores/vendedores confiáveis e com quem possamos dialogar sempre que necessitemos. Boas sementes, são aquelas que não têm mais de 3 anos, são conservadas em ambiente seco, temperatura estável (4/5ºC) e ausência de luz. Nota: O Xico, conserva as suas sementes num frigorifico, em saquetas individuais com fecho zip organizadas num arquivador dentro dum saco plástico preto.
2. Substratos de Sementeira
Existem no mercado, diversos substratos que funcionam bem no processo de germinação das sementes. Turfa moída, fibra de coco e lã de rocha (esta última para cultura de base hidropónica) são opções que estão disponíveis cujos custos são comportáveis. Nota: O Xico, desde há muitos anos, usa o substrato de germinação Siro ao qual adiciona vermiculite na proporção de 1/3.
3. Etiquetas
Na preparação das sementeiras, a etiquetagem da sementeira é essencial. Confiar na memória do que se semeia e aonde, por regra, dá esquecimento à distância e, como se costuma dizer, páginas tantas, “a bota não bate com a perdigota”. Existem disponíveis diversos tipos de etiquetas no mercado, umas mais caras do que outras, mas necessárias no processo de identificação do que semeamos. Nota: O Xico, faz as suas próprias etiquetas reciclando o plástico dos garrafões. Anualmente, usa nas suas sementeiras e plantações cerca de 2 000 etiquetas.
4. Utensílios de Sementeira
Como regra a cumprir e não dispensar, todos os utensílios a utilizar deverão ser libertos de resíduos de sementeiras anteriores, lavados e desinfetados. Os tabuleiros/bandejas de sementeira de esferovite ou de plástico/pvc, são os mais usados nas sementeiras em alvéolos. São de baixo custo e permitem sementeira em escala. Mas, sendo uma boa opção para a sementeira da generalidade de hortícolas, são no meu entender, uma má opção quando se pretende semear diferentes variedades de sementes de pimentas do género capsicum. Pois cada variedade de pimentas, tem tempos próprios para “despertar da dormência”, mais ou menos prolongada os quais determinam o tempo da germinação. Em média, (exceção de pimentas selvagens, que podem levar mais de 30 dias no processo de germinação) as sementes germinam, na maioria das variedades das espécies domesticadas (c. annuum, c. frutescens, c. chinense, c. baccatum e c. pubescens) entre 5 e 12 dias. Aqui chegados, é bom de ver que a sementeira em tabuleiros não é indicada porque a espera das que levam mais tempo, conduz ao estiolamento e porventura á morte das que nasceram nos primeiros dias. Estiolamento: “desenvolvimento anormal dos vegetais causado pela ausência de luz” que pode conduzir à morte precoce da plantinha recém-nascida). Nota: O Xico, tem usado copos de café em plástico, reciclados, e está a fazer a mudança para copos de material biodegradável. Estes copos, permitem a remoção dos mesmos do ambiente aquecido e protegido logo após a ocorrência da germinação e a transladação para outro lugar igualmente protegido, quente, mas com luz solar. Não dispondo de espaços com ambiente controlado, os parapeitos interiores de janelas soalheiras, são uma solução que funciona bem.
5. Sementeira, Germinação, Temperatura ideal e Humidade.
A sementeira deverá ocorrer em meados de fevereiro (cuja data deverá considerar o transplante definitivo após o final do período das geadas, quando o cultivo se destinar ao ar livre) e meados de janeiro se o transplante definitivo for destinado a cultivo em ambiente protegido (estufa). As sementes, devem ser “enterradas” no substrato a usar entre 6 e 10 mm de profundidade, preferencialmente em recipientes individuais que comportem até 5 sementes. A quantidade sugerida visa prevenir a ocorrência de anomalias, tais como, uma ou outra semente inviável, desenvolvimento inicial anormal (embrião que não se desprende da cápsula), “morte” prematura, etc. Nesta fase sensível do nosso cultivo, a temperatura de trabalho assume particular importância e pode ser determinante para o sucesso ou insucesso do processo de germinação saudável das nossas sementinhas. A temperatura ideal é aquela que as sementes das plantas do género capsicum teriam no seu habitat (américa central e sul) que compreende o intervalo dos 25ºC a 30ºC, sendo que abaixo de 15ºC e acima de 35ºC há lugar à inibição da germinação. Portanto, como não temos esta temperatura na altura em que devemos proceder às sementeiras, há que garantir uma temperatura estável através dum instrumento que gere calor controlado. Há vários dispositivos no mercado de valor acessível, que servem o nosso propósito - quando não se dispõe de um adequado ou que não possa ser “construído” por meios próprios - de entre os quais se sugerem, os tapetes de aquecimento, caixas de germinação com aquecimento controlado, lâmpadas de aquecimento próprias para terráqueos com controlo por termostato, etc. A humidade, é outro fator igualmente determinante a ter em conta no processo da germinação, a qual, citando a OMS “Independente da estação, da localização ou do ambiente em que se esteja, o nível de umidade considerado seguro para seres humanos, animais e plantas continua sendo o mesmo. O índice de umidade relativa (UR) ideal para todos, está entre 50%-60%.” Há dispositivos no mercado que garantem também, a humidade e o controlo da mesma, contudo, esses dispositivos são caros e só se justificam para profissionais e grandes quantidades de sementes a germinar. A regra, sendo possível através de simples visualização, é garantir que o recipiente de germinação mantenha o substrato húmido sem encharcamento, e, aqui sim, pode socorrer-se de um dispositivo medidor de humidade, barato, que se encontram disponíveis em lojas de materiais agrícolas ou mesmo por aquisição on-line através de sites na internet.
6. Brotação
Se os procedimentos anteriormente sugeridos forem seguidos, dependendo das variedades em cultivo, nos 5 a 12 dias seguintes, na maioria das sementes semeadas, o “milagre” da vida destes pequenos seres vai acontecer. Por entre o substrato de germinação mantido húmido, a brotação aparecerá e, de seguida, os recipientes deverão ser retirados deste ambiente sombrio e colocados em outro espaço que disponha de luminosidade e gradualmente da presença de sol. Para pequenos cultivos, o parapeito de janelas ensolaradas serve perfeitamente este propósito, apenas mantendo vigilância quanto a eventuais sobreaquecimentos e continuação da manutenção da humidade dentro dos parâmetros atrás indicados.
7. Desbaste e 1º Transplante de Sobrantes
Quatro folhas definitivas (as primeiras, “cotilédones” que fazem parte do embrião não contam), é chegado o momento do desbaste e transplante das sobrantes ou eliminação, deixando apenas uma no recipiente de germinação. Embora possa não vir a precisar das sobrantes, se apenas pretende continuar o cultivo de apenas uma, deve ter em conta que a plantinha está a iniciar a vida e vai ter de superar muitos obstáculos, até que venha a produzir as tão almejadas bagas ou vagens. O meu conselho, é que das sobrantes reserve pelo menos uma para si e as restantes, sejam utilizadas para oferecer a amigos, que também gostam de cultivar, mas não arriscaram o trabalho da germinação por opção ou por falta de condições ou tempo. Compreenderá, que depois do que investiu para as obter, descartá-las agora não seria agradável. Então, mãos à obra. Utilizando pequenos vasos redondos ou quadrados (estes arrumam-se melhor) com 7/8 cm de diâmetro ou de lado são os mais indicados, cheios de substrato com capacidade elevada de retenção de humidade, do tipo turfa ou similar. Comece por fazer a mudança tentando garantir que não danifica gravemente as raízes da pequenina planta que nesta fase, pouco mais terá do que a radícula em desenvolvimento. Se conseguir que um pouco do substrato original a acompanhe, recorrendo a uma pequena espátula de madeira, tanto melhor, a mudinha vai agradecer e recuperar rapidamente e mais forte. Feito o transplante, aperte e aconchegue o substrato ao pé e regue abundantemente para garantir que não ficam espaços vazios no interior do vaso. Repita a operação com todas as mudinhas que estiverem em boas condições e, muito importante, não se esqueça de colocar uma etiqueta em cada vaso com o nº ou nome que corresponde àquela que ficou no copo original.
8. Adubação
Uma semana após o primeiro transplante, com a mudinha já ambientada ao seu novo espaço, sugere-se que comece por usar um estimulante de raiz líquido, a diluir em água cumprindo as indicações do rotulo do produto. Nesta fase de crescimento, em conjunto ou separado do estimulante, com intervalos de 15 dias, inicie também a fertilização com adubos orgânicos líquidos NPK 4-3-6 ou formulações próximas. Este processo de adubação, deverá acompanhar toda a fase de crescimento da planta até ao início da floração.
9. Transplante Definitivo
Por esta altura (meados de abril), as nossas “meninas” já estarão bem crescidas e fortes, ultrapassada a fase das geadas é chegado o momento do transplante definitivo. Para o efeito, e sendo o destino o cultivo em vasos, que recomendo, deverá usar vasos com capacidade mínima de 10 litros para plantas de médio e grande porte e vasos de 5 a 7 lt. para plantas de pequeno porte e ornamentais. Embora existam no mercado diversos substratos indicados para o cultivo, eu tenho preferido elaborar um próprio de continuidade, ou seja, partindo da utilização de substratos usados anteriormente com um mínimo de dois anos de repouso. Uso uma mistura de 7 partes desse substrato, 3 de estrume de curral bem curtido e 2 de turfa ou fibra de coco triturada. Pode, nas mesmas proporções, se me estiver a seguir, usar um substrato universal, estrume de cavalo e turfa/fibra de coco moída que facilmente encontrará disponível no mercado. Esta mistura deverá ser preparada entre 3 a 4 semanas antes do transplante e mantida com uma cobertura de proteção do sol para evitar a secagem do substrato. Para o transplante, deverá extrair a muda do vaso de crescimento com o torrão intacto e as raízes do fundo ligeiramente soltas e colocá-la no vaso definitivo na cavidade previamente aberta para o efeito, acondicionando as raízes e aconchegando e calcando o substrato para junto do pé. Regue abundantemente de seguida e coloque de novo a etiqueta respetiva. Repita a operação com todas as plantas que pretende cultivar, mantendo em viveiro, por segurança uma muda idêntica de cada variedade e ofereça as sobrantes a amigos que nelas estejam interessados.
10. Rega
Agora é também o momento de pensar o tipo de rega que vai usar com as suas pimentas em vaso. Dado que não pode prescindir da irrigação, em função da quantidade de plantas que vai cultivar deve pensar na melhor solução que mais se adequa á sua disponibilidade de tempo. Até 10/15 vasos a rega manual é perfeitamente compatível no tempo gasto com esta tarefa. Para mais do que isso, um sistema de rega por gotejadores, mesmo sem programador incorporado, é a melhor solução a implementar. O processo de montagem é simples e os diversos acessórios estão bem presentes em casas de materiais para a agricultura, mas também em supermercados de bricolage. Basicamente, o sistema compreende um tubo de distribuição - ligado a uma torneira de alimentação - ao qual são ligados os tubos capilares com os gotejadores individuais a alimentar cada um dos vasos a irrigar.
11. Doenças e Pragas
Podemos destacar dois causadores de danos destrutivos das nossas plantas. Um tem origem em fungos e bactérias, que se desenvolvem em ambiente de humidade elevada e calor, o outro viral, que resulta da ação de insetos sugadores. Das doenças com origem em fungos e bactérias destaco: o míldio, a mancha bacteriana, a antracnose, o oídio e a podridão apical. Das doenças causadas por vírus e os vetores a eles associados destaco: o vírus do Mosaico (causado por afídios/pulgões/piolhos e mosca branca) e o vírus do Vira Cabeça (causado por tripes). Em ambos os casos, a prevenção é a única solução a adotar num combate que só podemos ganhar se agirmos antecipadamente ao problema. Neste combate, e no que concerne aos fungos, a calda bordalesa, o cobre, o enxofre molhável e o cálcio (podridão apical), são as armas mais eficazes que usaremos e obrigatoriamente teremos que ter disponíveis. A calda bordalesa e o cobre em maior ou menor formulação para prevenção do míldio, da mancha bacteriana e da antracnose, o enxofre para o controlo do oídio e o cálcio para a podridão apical. Quanto às viroses, a luta deve ser implacável contra os insetos acima descritos (afídios, tripes e mosca branca). Diversos produtos, desde sabonárias de sabão potássico, chorumes de urtigas, plantas aromáticas, etc., de confeção caseira podem ser usados e os resultados são bons se usados preventivamente, contudo, após a instalação das pragas nas plantas o seu efeito é muito reduzido, pelo que deverá ter sempre consigo produtos homologados para agricultura biológica de entre os quais, destaco pela sua eficiência no combate das pragas citadas, o óleo de neem. O óleo de neem, é um inseticida natural, extraído a frio das sementes da “Azadirachta indica”, uma árvore nativa da India, que embora existente em Portugal, não está muito divulgada entre nós. Por fim, não poderia terminar esta descrição sobre as principais doenças e pragas das pimentas sem mencionar aquele que é, quanto a mim, o inimigo principal dos nossos cultivos de pimentas do género capsicum. Escrevo, obviamente, sobre os ácaros, aquele poderoso aracnídeo que dizima as nossas plantas de um dia para o outro, sem sequer termos tempo de nos apercebermos da sua presença. Existem na natureza, centenas de espécies de ácaros cujo poder destrutivo vai do pouco dano à destruição total das nossas plantas. No caso concreto das pimenteiras as espécies mais importantes a considerar são, o ácaro branco, o ácaro rajado e o ácaro vermelho, todos pertencentes à família dos tetraniquídeos. O ataque destes seres de difícil visualização (são minúsculos, medindo não mais de uma décima de milímetro), facilitado por temperaturas elevadas e ausência de humidade no ar é fulminante e os danos enormes, em grande parte devido ao rápido desenvolvimento deste ser e à sua elevada capacidade reprodutiva. A observação regular e minuciosa das plantas, pode dar-nos indicação da sua presença. Folhas mais tenras de coloração bronzeada, folhas quebradiças e enroladas para dentro, bem como hastes mais novas sem as folhas mais jovens, são os sinais de alerta para a possível presença desta praga. Dois produtos aconselho a usar para controlo desta praga – o enxofre e o óleo de neem. O primeiro, na versão molhável, atrás indicado como preventivo no controlo do oídio, tem elevada eficácia anti – aracnídea, se aplicado no início do ataque e com pulverizações sucessivas de toda a planta em particular no verso das folhas, com intervalos de 3 a 5 dias (o ciclo reprodutivo médio do “bichinho” é de 5 dias) durante um período de 15 dias. O óleo de neem, a par do combate às pragas antes referidas tem também razoável eficácia contra os ácaros e de igual modo contra cochonilhas que também podem aparecer.
12. Tutoramento
Por tutoramento entende-se, qualquer estaca de madeira, cana ou mesmo arame, varão metálico ou rede, que serve para ancorar, segurar e amarrar as plantas que desta “estrutura” necessitem para se manter na posição vertical em perfeitas condições de estabilidade. O tutoramento deve ser encarado e usado em plantas cujo crescimento e desenvolvimento de hastes supere a altura de 0,70 metros e desdobrado em vários elementos, se necessário, por forma a manter a planta defendida contra ventos fortes e também na eventualidade de peso excessivo da produtividade da mesma. A cana da índia/bambu, é um ótimo tutor que aconselho. Cada uma das variedades de pimentas que constam do Catálogo das “Pimentas do Xico” tem a indicação da necessidade ou dispensa de tutoramento.
13. Adubação até à Floração
Três semanas após o transplante, é o momento de continuar a fertilização com a fórmula líquida de NPK 4-3-6 ou formulações próximas e o estimulante de raízes que vêm sendo usados desde o desbaste e primeiro transplante. Esta adubação deverá manter-se com aplicações quinzenais até ao início da floração.
14. Adubação após Floração
Com o início da floração, é o momento para mudar a fórmula NPK. Se até aqui “trabalhámos” as raízes (estimulante de raízes), o desenvolvimento dos tecidos vegetais e o aumento da resistência contra adversidades (adicional de nitrogénio e potássio), daqui em diante é necessário privilegiarmos os nutrientes que favoreçam a floração e o vingamento das bagas/vagens. É hora, portanto, de passarmos a usar um estimulante que potencie a floração e um NPK líquido que contenha maior percentagem de fósforo, cuja importância é fundamental na formação da clorofila e no aumento da capacidade da planta em absorver a generalidade dos nutrientes disponíveis no substrato do cultivo. O macro elemento “fosforo” cumpre na fórmula NPK o papel essencial na qualificação das bagas/vagens e na formação e maturação das sementes. Para esta fase, recomendo um NPK líquido com a formulação 2-6-3,5 ou próxima. Quanto à aplicação sugiro que continue com a mesma programação de aplicações quinzenais dos dois produtos em simultâneo ou alternadas. NB. A opção pela forma líquida dos nutrientes a usar, está relacionada com a maior facilidade de uso, doseamento dos nutrientes e acima de tudo, pela rápida absorção do elemento líquido pelas plantas. Tratando-se de cultivos em vaso (a minha experiência) a aplicação por pulverização prevalece sobre os outros tipos de fertilização, perante as perdas não controláveis de nutrientes que acontecem - nos processos de fertilização por irrigação ou cobertura de libertação prolongada - através das regas diárias, necessárias para manter o substrato húmido q.b.
15. Colheita para Consumo
90 a 110 dias decorridos após o transplante definitivo, o fruto do trabalho desenvolvido é agora revelado com lindas vagens e bagas que se destacam por entre a folhagem. Aqui chegados, é hora de começar a colheita para consumo. Consoante a utilização e destino final, as vagens/bagas podem consumir-se imaturas ou maduras, sendo que, se queremos tirar partido do potencial de ardência próprio de cada variedade em cultivo, isso apenas é possível quando as pimentas se apresentarem bem maduras. Imaginação á solta, picles, molhos, geleias, tinturas, desidratadas após colheita e moídas em pó ou em flocos tudo é possível fazer.
16. Colheita, Tratamento e Armazenamento das Sementes
Naturalmente, pretenderá obter sementes das variedades de que mais gostou ou, de todas se é colecionador e pretende continuar a “crescer” com o número de variedades na sua coleção. Para este efeito, nem todas as vagens/bagas são úteis. As sementes devem ser obtidas de entre os melhores exemplares que conformem com o fenótipo da variedade e sempre deixando as vagens selecionadas, percorrer todo o percurso de maturação até ao início da desidratação na planta. Na seleção final, devem ser rejeitadas todas aquelas que apresentem bolores, manchas descoloradas e danos físicos que exponham as sementes (tenha presente que algumas doenças, em particular a antracnose, é transmitida por um fungo que se agrega às sementes). Após colheita e identificadas cada uma das variedades, proceda à remoção das sementes usando ferramentas de corte e de extração, previamente limpos e desinfetados. O processo é simples, mas deve ser desenvolvido cuidadosamente para não danificar as sementes. Usando luvas de latex ou similares e máscara de proteção de boca, nariz e olhos contra os vapores libertados pelas pimentas depois de abertas, com o auxílio de uma colher de café, preferencialmente de madeira ou plástica, remova as sementes separando-as da placenta evitando os resíduos que possam vir agarrados às sementes. De seguida, coloque as sementes num copo de água sem cloro, agite bem e aguarde uns breves minutos. As sementes não viáveis, subirão à superfície e devem ser descartadas. As que ficaram no fundo do copo, são as sementes que irá tratar de seguida, colocando-as num pequeno passador para escorrer a água, e colocadas em papel toalha para extrair o excesso de água que esteja agregado. Finalmente, coloque as sementes em envelope de papel e ponha a secar á sombra em local por onde circule ar quente. Quatro dias decorridos, as sementes estão secas e podem ser “arrumadas” devidamente identificadas, em saquetas de plástico com fecho tipo zip e colocadas em local fresco e seco. Colocadas as saquetas num saco preto bem fechado, o local ideal para obter uma boa conservação é a gaveta dos legumes de qualquer frigorifico com temperatura estável entre 4 e 5ºC.